28 março 2015

De volta ao pódio, Guilheiro se anima por vaga olímpica: "Dá esperança"

Após afastamento de dois anos por lesão, judoca busca se reencontrar e mira igualdade de condições no páreo com Victor Penalber pelo Rio 2016
Leandro Guilheiro participou do Seleção SporTV (Foto: Marcos Guerra)
Os dias longe do pódio acabaram para Leandro Guilheiro. Dono de dois bronzes olímpicos, o judoca teve de esperar quase três anos para colocar mais uma vez uma medalha no peito no circuito mundial por causa de uma complicada lesão no joelho direito, que o afastou dos tatames por dois anos. Por isso, uma prata e um bronze em torneios na Polônia e no Uruguai deram um novo ânimo para o paulista para continuar na briga por uma vaga nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016. Aos 31 anos, ele busca se reencontrar para crescer novamente no cenário internacional.

- Eu estava três anos sem subir ao pódio, porque tive esse problema da lesão, fiquei esse tempo todo fora, sem colocar o quimono. Está sendo difícil assim lutar judô nesse começo, parece que esquece um pouquinho, então quando você faz uma boa competição assim e vai ao pódio mostra que estou começando a voltar ao ritmo, estou me reencontrando. Isso é bom. Dá esperança para seguir esse caminho. Estou entrando no ritmo, mas não é uma subida muito linear ainda. Eu faço uma competição boa, depois dou uma caída. Estou brigando para voltar ao melhor momento. Acredito que isso vai acontecer ao longo do tempo. É um processo que não pode pular, não pode chegar direto ao final do caminho. A cada competição e treinamento eu estou evoluindo, e espero que consiga fazer tudo em tempo (das Olimpíadas) - disse Leandro, nos bastidores do programa “Seleção SporTV”.

Guilheiro sofreu uma ruptura do ligamento cruzado anterior do joelho direito no começo de 2013, e a recuperação teve complicações, com direito a quatro cirurgias no local. Ele voltou a lutar em outubro do ano passado, disputou três Grand Prixs (Astana, Tashkent e Dusseldorf), mas venceu apenas duas de cinco lutas. Este ano, por outro lado, ele foi prata no Aberto de Varsóvia e bronze no Aberto de Montevidéu.

- Hoje eu não sinto nenhum incômodo. Nas primeiras competições que fiz ano passado, ainda sentia um pouquinho a perna mais fraca, pensava no joelho, tinha um pouco de receio. Agora esqueço tudo o que aconteceu, não tenho dor ou insegurança. É uma coisa que já ficou para trás. Só estou tendo que fazer algumas adaptações, porque houve algumas mudanças nas regras nesse período em que fiquei parado. A dinâmica da luta mudou bastante: a velocidade em que as ações acontecem, a arbitragem também influencia muito mais no desenrolar da luta com punições. Isso faz parte da minha readaptação, de como eu encaixo meu judô nessa nova realidade. Estou equilibrando tudo isso, chegando a um ideal. A cada competição eu vou entendendo melhor como está funcionando, vou me reencontrando e chegando ao meu ideal - disse Guilheiro, considerado um dos judocas mais técnicos do mundo.
Leandro Guilheiro voltou ao pódio no circuito mundial depois de três anos (Foto: Reprodução / Facebook)
Para chegar à sua quarta edição de Jogos Olímpicos - esteve em Atenas 2004, Pequim 2008 e Londres 2012 e foi bronze nas duas primeiras -, o paulista tem uma missão difícil. Por ser país-sede, o Brasil já tem vaga garantida em todas as disputas do judô, mas a categoria de Guilheiro, a meio-médio (81kg), Victor Penalber aparece muito à frente no ranking mundial. Enquanto o medalhista olímpico é o 86º do mundo, com 162 pontos, o carioca é o quarto colocado do ranking, com 1.684 pontos.

A distância, porém, é menor do que parece, já que Penalber tem que defender seus pontos nas competições até abril de 2016. No ranking olímpico, os pontos conquistados no período de abril de 2014 a abril de 2015 valerão 50%, enquanto os pontos entre abril de 2015 e abril de 2016 somarão 100%.

- Muitos dos pontos que ele tem hoje vão se perder até 2016. Então se você colocar em uma planilha os pontos que realmente valem, o Victor está uns 300 pontos na minha frente, o que é pouco. Tem outra questão: não sabemos bem ao certo como vai ser a classificação para os Jogos do Rio. O Brasil tem todas as vagas (por ser sede), então o atleta pode competir mesmo sem estar no ranking. Não sabemos ao certo quais os critérios serão utilizados (para a convocação), se o ranking vai determinar 100% quem vai aos Jogos ou se vai ter um peso e qual vai ser esse peso. Eu pretendo sim alcançar o número de pontos (para ser o número 1 do Brasil), e para isso eu preciso participar de competições que me deem condições de brigar pelo mesmo número de pontos que ele. Até maio desse ano, o Victor vai lutar por uns 3.000 pontos, eu vou lutar por mil e pouco, não chega nem à metade. Então se eu chegar em termos de igualdade de brigar pelo mesmo número de pontos, acho que dá tempo de encostar e de ultrapassar o Victor - disse Guilheiro.
Leandro Guilheiro é atualmente no 86º do ranking mundial (Foto: Raphael Andriolo)
Um obstáculo para o medalhista olímpico é que, por estar mais bem ranqueado, o rival no páreo se classifica para competições que valem mais pontos no ranking. Para buscar condições de igualdade com Penalber, o paulista terá de lutar mais neste ano do que costuma fazer quando era o número 1 do mundo. Para isso, o próximo desafio de Guilheiro tem grande peso.

- Eu luto um Grand Prix na Croácia, em Zagreb (entre 1 e 3 de maio). Depois não sei, vamos tendo acesso às competições à medida que o tempo vai passando. Soube no Uruguai que iria para Zagreb. Tenho seis semanas para fazer um ciclo de treinos bacana, tentar ajustar os erros que vi para tentar fazer uma boa competição lá. É uma competição importante, porque vale 100% dos pontos. Tenho a esperança de fazer uma boa participação e isso ser um divisor de águas.